quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

GPS NA CALCINHA!!!


O mundo da localização por GPS não se limita somente aos navegadores veiculares, dispositivos de aventura, smartphones ou rastreadores em carros ou caminhões. Aos poucos, a tecnologia GPS se expande para diversos mercados e aplicações, entre elas a do rastreamento portátil.
Jaquetas, notebooks, coletes salva-vidas e coleiras para cachorros são alguns itens que já possuem rastreamento por GPS, seja para segurança própria, da família ou mesmo para vigilância alheia.
A novidade da vez é a lingerie com GPS. Isso mesmo. Um pequeno dispositivo de recepção GPS é instalado na lingerie, que fornece a localização e visualizada pela internet, na qual o usuário pode acompanhar a movimentação da mulher que estiver sendo rastreada.
“O rastreamento portátil já é utilizado para rastrear pessoas com Alzheimer ou mesmo cachorros. Em conversas com a empresa LindeLucy, surgiu a idéia de acrescentar o rastreador nas lingeries. A idéia evoluiu e surgiu a lingerie com GPS”, explica Theodoros Megalomatidis, da empresa FindMe, desenvolvedora da solução.
O dispositivo pode ser instalado em três locais diferentes da lingerie, de forma discreta e praticamente imperceptível. E a utilização vai depender do casal. Pode ser apenas por segurança ou para os ciumentos que querem saber por onde anda a dona da peça.
A lingerie com GPS foi apresentada na Fenit (Feira Internacional da Indústria Têxtil), que acontece até o dia 20 de junho, em São Paulo. “A procura tem sido muito boa. O estande da LindeLucy está bem localizado e as pessoas ficam curiosas querendo saber mais sobre o produto”, garante Megalomatidis.
Para ter essa tecnologia, o comprador ou a compradora terá que pagar cerca de 4 mil reais, além de uma taxa mensal para ter o serviço de rastreamento. Resta saber se as mulheres vão gostar do presente.
Imagem: Divulgação

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ÁFRICA NA SALA DE AULA


CONnfira a resenha da autoria de José Alexandre da Silva sobre o livro África e Brasil africano, da historiadora Marina de Mello e Souza.

Por José Alexandre da Silva [1]

“África e Brasil Africano” é uma introdução à História da África, que tem a ver com o Brasil, escrita por Marina de Melo e Souza, professora de História da África da Universidade de São Paulo e estudiosa da cultura afro-brasileira. Num contexto em que a Lei 10.639 torna obrigatório o Ensino de História Africana e Afro-brasileira a obra ganha grande importância e vem ajudar a preencher uma lacuna no mercado editorial sobre o assunto. A presença, no processo editorial, do nome de Alberto da Costa e Silva, nosso mais respeitado estudioso de História da África, só vem trazer mais credibilidade à obra em discussão. Um livro que pode servir não apenas para professores e alunos que têm de se debruçar sobre a história dos afro-brasileiros nos bancos escolares, como também para quem quiser saber mais sobre a importância da História da África e da contribuição dos africanos na formação do nosso país.

A escrita do texto, realizada com clareza, é eficazmente concatenada com informações da produção acadêmica sobre o tema, além de trazer conteúdos tirados diretamente de fontes históricas como processos inquisitoriais, relatos de viajantes e processos criminais. Além do aspecto gráfico não deixar a desejar, dando um visual bastante agradável ao texto, o livro é repleto de mapas, fotografias, pinturas e gravuras criteriosamente referenciados ao final da obra. Outro recurso utilizado são as notas de rodapé, dando o significado de alguns termos específicos que poderiam confundir o jovem leitor. Já os boxes separados dos textos inserem descrições e comentários pertinentes que podem ser saboreados no momento em que o leitor melhor aprouver. O livro também vem acompanhado de um manual de exercícios com o objetivo de facilitar o trabalho do professor em sala de aula e a assimilação dos estudantes.

Como pontua a autora, “Abordar conteúdos que trazem para a sala de aula a história da África e do Brasil africano é fazer cumprir nossos grandes objetivos como educadores: levar à reflexão sobre a discriminação racial, valorizar a diversidade étnica, gerar debate, estimular valores e comportamentos de respeito, solidariedade e tolerância (…) levantar a bandeira de combate ao racismo e às discriminações que atingem em particular, a população negra, afro-brasileira e afro-descendente.” No afã de realizar tais objetivos a obra vai ser dividida em seis capítulos: 1) A África e seus habitantes, 2) Sociedades africanas, 3) Comércio de escravos e escravidão, 4) os africanos e seus descentes no Brasil, 5) O negro na sociedade brasileira contemporânea e 6) A África depois do tráfico de escravos.

No primeiro capítulo do livro, a autora vai descrever os aspectos geográficos do continente africano enfatizando a importância dos rios ao redor dos quais surgiram as primeiras sociedades complexas. No segundo capítulo, vai ser trabalhado a assunto de como se dividiam as sociedades africanas, das mais simples às mais complexas, seguido de uma breve descrição dos principais reinos. Nesse ponto fica marcado no texto a importância que tinham os chefes nessas sociedades, desde os chefes de família até os das aldeias e dos reinos e confederações. A autora também dá destaque a um aspecto de suma importância na constituição das sociedades africanas, o sobrenatural. Vejamos: “(…) nas sociedades africanas (…) toda a vida na terra estava ligada ao além, dimensões que só especialistas, ritos e objetos sacralizados podiam atingir”.[2]

O terceiro capítulo é um ponto alto da obra, uma vez que a autora vai dissecar como funcionava a escravidão no continente africano, antes e depois da chegada dos europeus, como esses teceram relações com os chefes locais para conseguir cativos, como esses eram capturados, transportados e comercializados. Segue também um conceito apropriado do termo escravidão: “(…) situação na qual a pessoa não pode transitar livremente nem pode escolher o que vai fazer (…) pode ser castigada fisicamente e vendida caso seu senhor ache necessário; (…) não é visto como membro completo da sociedade em que vive, mas como ser inferior e sem direitos (…)”.[3]

Já no quarto capítulo, amparada na brilhante produção acadêmica sobre escravidão no Brasil desde a década 1980 até nossos dias, a autora vai expor de forma agradável, porém rigorosa, as principais regiões fornecedoras de africanos escravizados para a colônia portuguesa, como esses se integraram ao seu novo mundo, como se relacionaram com seus senhores e também companheiros de destino mesmo esses não sendo nada conhecidos. Tendo que aprender uma nova língua, resistindo através da rebeldia, matando o senhor ou o feitor e se aquilombando, implementando formas veladas de resistência, mas não menos valorosas quanto às já citadas, tecendo laços de família e de compadrio, criando novas formas de expressão religiosa e de arte. Enfim, longo foi o caminho dos escravos até a liberdade.

No quinto capítulo, Marina de Melo e Souza vai construir uma imagem bastante acurada sobre o negro na atual sociedade brasileira. Vale apontar aqui a superação da idéia de raça, a contribuição dos africanos nas artes plásticas, na religião e na música. Também é importante frisar a visão da autora sobre as ações afirmativas que recentemente vêm sendo implantadas na sociedade brasileira: “(…) a garantia do acesso a posições às quais os afro-brasileiros estiveram sistematicamente excluídos é um começo na conquista de condições mais igualitárias para o desenvolvimento de todas as pessoas, independente de suas origens étnicas ou sociais”.[4]

O sexto e último capítulo trata da ocupação colonial do continente africano que veio a acontecer depois da extinção do tráfico atlântico num momento em que a importação de mão de obra já não era o que mais interessava às principais potências européias, mas sim a ocupação e domínio de um continente quase desconhecido e cheio de riquezas a oferecer na forma de matéria prima barata ao mundo industrial. A descolonização do continente, depois da segunda metade do século XX, abriu espaço para guerras fratricidas de luta pelo poder que deixaram suas marcas até os dias de hoje. Para completar o quadro, temos o surgimento do vírus HIV que veio como um flagelo para o continente que tenta se recompor. Para a autora, “(…) o grande desafio das sociedades africanas é manter o respeito à pluralidade e à diferença sem se fechar para as novidades que podem trazer benefícios às pessoas”.[5]

Mesmo nesse texto de valor, podemos perceber que a autora não consegue fugir, em pontos bem específicos, de formulações que já presenciamos de longa data nos manuais escolares e revelam nossa perspectiva – ainda – mais européia que africana. A observação e crítica de tais formulações são feitas por Anderson Ribeiro Oliva no momento em que analisa a produção de SCHMIDT.[6] Vejamos “(…) o continente é retratado hora como um obstáculo a ser superado para atingir o lucrativo mercado de especiarias do Oriente, ora como uma fonte de riquezas naturais, – ouro, marfim – ou de oferta de mão de obra – escravos”[7]. Acreditamos que no caso da obra aqui resenhada tais observações também podem ser adotadas guardadas as devidas proporções.

O europeu, primeiramente o português, aparece como sujeito que contornou o continente que nesse momento aparece descrito como uma barreira. Barreira essa que vai sendo superada em cada momento histórico que determinado ponto é alcançado. Assim, o Cabo do Bojador é contornado em 1434, em 1445 é construída a primeira fortaleza que servia de base para o comércio com os povos locais e em “Bartolomeu Dias chegou ao extremo Sul do continente em 1489, e Vasco da Gama contornou a África e foi até a Índia em 1498”. [8] Nesse sentido, os fatos históricos e suas datas verificáveis, reforçam a construção da imagem do continente africano como obstáculo. Mas também é construída a imagem da África como fonte de riquezas, “Os centros de ação dos mercadores europeus na costa atlântica da África foram as regiões dos rios Senegal e Gâmbia, onde compravam escravos; da região do forte da Mina, onde os acãs comerciavam ouro com os portugueses; do golfo do Benim (…)”.[9]

Também no que se refere ao domínio colonial do século XIX, Marina de Melo e Souza, explica esse fenômeno amparada em duas ordens de argumento. Primeiro o de ordem econômica, contemplado nos benefícios comerciais da compra de matérias primas a baixos preços para o abastecimento das indústrias; segundo, o de ordem religiosa e civilizatória, de acordo com o qual a evangelização cristã e o modelo de vida ocidental eram grandes benefícios levados aos africanos. Argumentações plausíveis e que também nos são conhecidas de longa data, porém, não levam em consideração o papel dos próprios povos africanos nesse processo em que não apenas foram dominados, mas que seus territórios foram ocupados militarmente. Nesse sentido, um panorama diferente nos é apresentado por Ana Mónica Lopez e Luiz Arnaut,[10] noutro livro introdutório sobre História da África, que leva em consideração a participação dos africanos nesse processo, amparados num viés interpretativo denominado ‘teoria da dimensão africana’.

O argumento dos dois autores segue na linha de que a conquista e ocupação militar do continente africano se deu e foi acelerada pela resistência que os europeus encontraram dos africanos no que se referia às relações comerciais vantajosas. Assim, o que não era conseguido pela diplomacia ou pelos comerciantes, o era pela força das armas de fogo e maior efetivo militar. A manutenção de tal estado de coisas exigiu a ocupação por meio de soldados e organismos burocráticos que em muitos casos também incorporaram os chefes locais. Esses, em muitos casos, eram cooptados pela dominação colonial e já em outros continuavam resistindo ao lado de seu povo, mesmo que de forma velada.[11]

Acreditamos que África e Brasil africano merece ser lido, utilizado nas salas de aula e também que os professores estão aptos para incorporar as críticas acima tanto quanto fazer as suas próprias com o objetivo de melhor aproveitar o material. Mesmo já se tendo decorrido dois anos da data de sua publicação, podemos ter a certeza de que esse livro é uma contribuição literária importante para um país que durante muito tempo tentou mascarar, ocultar ou esquecer suas origens. Importância que foi reconhecida na versão de número 49 do Prêmio Jabuti, em 2007, o de maior tradição no meio literário, quando a obra aqui resenhada foi a primeira colocada na categoria Didático e Paradidático de Ensino Fundamental ou Médio.


PARA REFLETIR


"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossivel atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser

autêntico e verdadeiro..."DALAI LAMA

10 Ensinamentos1. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham de dentro;2. O único Deus é a própria vida;3. A verdade está dentro, não a procure em nenhum outro lugar;4. O amor é a oração;5. O vazio é a porta para a verdade, é o meio, o fim e a realização;6. A vida é aqui e agora;7. Viva completamente acordado;8. Não nade, flutue;9. Morra a cada momento para que você possa se renovar a cada momento;10. Pare de buscar. O que é, é: pare e veja.OSHO

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

COMO OS OUTROS PAÍSES COMEMORAM O NATAL?


Itália BRUXA SOLTA - Buon Natale!Na terra da pizza, Papai Noel tem uma rival de peso. É a Befana, uma velha com cara de bruxa, que visita as casas no dia 5 de janeiro, deixando doces para as boas crianças e um carvão para as más. Sua generosidade seria fruto de arrependimento: ela teria negado abrigo e comida aos Reis Magos, quando eles seguiam para visitar Jesus, e agora tentaria reparar o mal que fezFrançaPAZ À FRANCESA - Joyeux Noel!Os franceses têm uma tradição natalina meio esquisita, mas edificante. É que, no dia 25 de dezembro, muita gente pratica a chamada reconciliação do Natal: a pessoa vai até a casa de um inimigo para fazer as pazes com ele. Deve ser bem chato passar a ceia de Natal com um desafeto, mas que é uma bela atitude, isso ninguém pode negar ÁustriaO ANTIPAPAI NOEL - Fröhliche Weihnachten!Natal é sinônimo de festa e presentes? Pois, na Áustria, o buraco é mais embaixo. Conhecidos por sua sisudez, no dia 5 de dezembro, os austríacos celebram a existência do Krampus, espécie de demônio que puniria as crianças más. Na data, as pessoas saem às ruas fantasiadas como o tal capeta, batendo umas nas outras com uma vara, a arma do bicho HolandaAJUDANTE POLÊMICO - Vrolijk Kerstfeest!Na Holanda, rola uma tradição polêmica: a festa do Zwarte Piet ("Pedro Preto", em português). Ele seria o ajudante negro do Papai Noel, sendo representado por pessoas com a cara pintada de preto, lábios de vermelho e peruca black power, que desfilam no dia 5 de dezembro. O costume é acusado de ter caráter essencialmente racista Catalunha (Espanha)COCÔ DE NATAL - Bom Nadal (em catalão)!Em algumas cidades da Catalunha, persiste uma das mais esquisitas tradições natalinas do planeta, o Caga Tió ("Tronco Cagão", em uma tradução aproximada). Modo de usar: pega-se um tronco oco e enche-se de doces durante todo o mês de dezembro; no dia 25, o tronco deve ser espancado com pedaços de pau, para que ele devolva o que "comeu"País de GalesÉGUA INTROMETIDA - Nadolig Llawen (em galês)!Antes de o cristianismo se difundir pela Europa, em dezembro rolavam festas pagãs para celebrar o inverno. Uma delas, viva até hoje, é a da Mari Lwyd, que ocorre no último dia do ano em certos locais do País de Gales. As pessoas saem pelas ruas carregando a tal Mari, um boneco com a caveira de uma égua como cabeça, e tentam invadir casas e pubs LetôniaA ÁRVORE SOMOS NOZES - Prieci’gus Ziemsve’tkus!Neste país dos Bálcãs, Papai Noel e as renas trabalham duro em dezembro. A tradição por lá manda que o Bom Velhinho traga presentes para crianças durante 12 dias seguidos! Mas o jingle bells na Letônia é famoso mesmo por outra razão: é de lá o primeiro registro sobre a montagem de uma árvore de Natal, que rolou na praça de Riva, capital do país, em 1510 Estados UnidosLAREIRA FRIA - Merry Christmas!No cinema, a festa de Natal americana sempre tem presentes, um pinheiro decorado e, claro, uma lareira acesa. Só que milhões de lares no país não possuem um fogo amigo na sala. Por isso, uma emissora de TV criou um solução televisiva: uma transmissão de 24 horas, sem parar, de uma lareira queimando! A fogueirinha bizarra já rola há mais de 40 anosNATAL DAS MINORIASVeja como é a festa em países onde predominam outras religiões que não o cristianismoCHINA - Sheng Tan Kuai Loh! (em mandarim)Os cristãos decoram sua casa com lanternas de papel, flores e árvores de Natal. E as crianças também penduram meias para os presentes do Papai Noel. O Bom Velhinho é chamado de Dun Lhe dao Ren, que significa "Velho Natal"ÍNDIA - Shub Naya Baras! (em hindi)Os indianos celebram o nascimento de Jesus decorando plantas nativas do país, como a bananeira e a mangueira. Além disso, enfeitam a casa toda com folhas de bananeira, outras plantas e lamparinas feitas de argilaIRAQUE - Idah Saidan Wa Sanah JadidahAs famílias cristãs se reúnem no quintal para ouvir histórias da natividade de Jesus. Depois, queima-se uma pilha de espinhos secos. Segundo a crença, a forma como o fogo queima indica como será o futuro daquela família

MUITO INTERESSANTE



Escondido entre Zâmbia,Tanzânia e Moçambique, o Malauí é um país ruralcom15 milhões de habitantes. A três horas de carro da capital Lilongwe, a vila de Wimbe vê um garoto de 14 anos juntando entulho e madeira perto de casa. Até aí, novidade nenhuma para os moradores. A aparente brincadeira fica séria quando, dois meses depois, o menino ergue uma torre de cinco metros de altura. Roda de bicicleta, peças de trator e canos de plástico se conectam no alto da estrutura e, de repente, o vento gira as pás. Ele conecta um fio, e uma lâmpada é acesa. O menino acaba de criar eletricidade.
O menino e a importância de suas descobertas cresceram. William Kamkwamba, agora com 22 anos, já foi convidado para talk shows, deu palestras no Fórum Econômico Mundial, tem site oficial, uma autobiografia - The Boy Who Harnessed the Wind (O Menino que Domou o Vento, ainda inédito no Brasil) - e um documentário a caminho. O pontapé de tamanho sucesso se deve a uma junção de miséria, dedicação, senso de oportunidade e uma oferta generosa de lixo.
EM TERMOS DE GERAÇÃO e consumo de energia elétrica, o Malauí é o 138º país do mundo
Uma seca terrível no ano 2000 deixou grande parte da população do Malauí em situação desesperadora. Com as colheitas reduzidas drasticamente, as pessoas começaram a passar fome. "Meus familiares e vizinhos foram forçados a cavar o chão pra achar raízes, cascas de banana ou qualquer outra coisa pra forrar o estômago", diz Kamkwamba. A miséria o impediu de continuar na escola, que exigia a taxa anual de US$ 80. Se seguisse a lógica que vitima muitos rapazes na mesma situação, o destino dele estava definido: "Se você não está na escola, vai virar um fazendeiro. E um fazendeiro não controla a própria vida; ele depende do sol e da chuva, do preço da semente e do fertilizante", diz Kamkwamba.
Para escapar dessa sentença, começou a frequentar uma biblioteca comunitária a 2 km de sua casa. No meio de três estantes com livros doados pelo Reino Unido, EUA, Zâmbia e Zimbábue, Kamkwamba encontrou obras de ciências. Em particular, duas de física. A primeira explicava como funcionam motores e geradores. "Eu não entendia inglês muito bem, então associava palavras e imagens e aprendi física básica." O outro livro se chamava Usando Energia, tinha moinhos na capa e afirmava que eles podiam bombear água e gerar eletricidade. "Bombear um poço significava irrigar, e meu pai podia ter duas colheitas por ano. Nunca mais passaríamos fome! Então decidi construir um daqueles moinhos."

FONTE REVISTA GALILEU

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

PESSOAS OUVEM TAMBÉM COM A PELE

Nós ouvimos com os ouvidos, certo? Certo, mas cientistas sabem há anos que também ouvimos com os olhos. Em um importante estudo publicado em 1976, pesquisadores descobriram que as pessoas integram sinais auditivos e visuais, como movimentos da boca e do rosto, quando ouvem uma fala.oEsse estudo, e muitos que se seguiram, levantou essa questão fundamental sobre a percepção da fala: se os humanos podem integrar diferentes sinais sensoriais, eles o fazem por causa da experiência (por verem inúmeros rostos falando com o tempo), ou a evolução os configurou dessa forma?
Um novo estudo que observa um conjunto diferente de sinais sensoriais contribui com um grupo crescente de evidências que sugerem que essa integração é inata. Em artigo publicado na "Nature", Bryan Gick e Donald Derrick, da University of British Columbia, relatam que as pessoas podem ouvir com a pele.
Os pesquisadores fizeram com que os participantes ouvissem sílabas enquanto eram atrelados a um dispositivo que, de forma simultânea, fazia um pequeno sopro de ar na pele da mão ou do pescoço. As sílabas incluíam "pa" e "ta", que produzem um leve sopro da boca quando faladas, e "da" e "ba", que não produzem sopros. Eles descobriram que, quando os ouvintes ouviam "da" ou "ba" enquanto um soprinho de ar atingia sua pele, eles percebiam o som como "ta" ou "pa".
Gick afirmou que as descobertas eram similares àquelas do estudo de 1976, no qual sinais visuais venciam sinais auditivos --os participantes ouviam uma sílaba, mas entendiam outra, porque estavam assistindo a um vídeo de movimentos da boca correspondendo à segunda sílaba. Em seu estudo, disse Gick, sinais de receptores sensoriais na pele também venceram os ouvidos. "Nossa pele faz a audição por nós", disse ele.
Gick observou que seria raro que alguém realmente sentisse um sopro de ar produzido por outra pessoa, embora as pessoas possam ocasionalmente sentir seus próprios sopros. De qualquer forma, disse ele, o estímulo foi muito sutil, "o que sugere que é muito poderoso".
"O que é tão persuasivo em relação a este efeito particular", acrescentou, "é que as pessoas estão pegando essa informação que eles não sabem que estão usando". Isso respalda a ideia de que a integração de diferentes sinais sensoriais é inata.
Gick afirmou que a descoberta também sugeria que outros sinais sensoriais possam funcionar na percepção da fala --que, como colocou ele, "nós somos essas fantásticas máquinas de percepção capazes de absorver todas as informações disponíveis e as integramos perfeitamente".