Quando jovem sempre nutri um desejo de ser um "homem de Deus" como era costume dos irmãos da Igreja se referirem a pessoa que entrega sua vida ao ministério. Mas com o passar do tempo fui percebendo que o sacerdócio não é para qualquer pessoa, isto é, há que se ter uma inclinação na alma e no espírito, uma tendência inata, ao qual me apercebi não tinha. Ficava imaginando que teria muitas pessoas que seguiriam meu exemplo que se espelhariam em mim e me teriam como seu lider espiritual.
Eu sempre tive um senso de responsabilidade muito grande e me cobrava muito em meu comportamento. Acontece que meu coração queria ser santo,mas meu corpo gostava do profano.
Lutei em tantas décadas contra isso, como o apóstolo Paulo falava na epistola aos romanos " Uma luta entre duas naturezas, carne e espírito: que desventurado homem que sou, Quem me livrará desse cadáver que levo sobre mim?"
Muitos líderes religiosos quem sabe também se espelham nesse versículo.Quantos conheci em minha igreja que eram pessoas maravilhosas, mas sucumbiram diante desse confronto entre o desejo do espírito e o da carne.
Ao tomar conhecimento dos acontecimentos ocorridos com os líderes religiosos da Igreja em Arapiraca, fico meditando como isso teria sido evitado se houvesse tido por parte desses líderes uma reflexão profunda a respeito de suas inclinações, o respeito pelas almas de seu rebanho, o temor a Deus.
É lamentável ver tantas pessoas decepcionadas, desoladas, com sua fé destruída por atos tão execráveis.
Fica a lição, não apenas a ser ensinada, mas aprendida, de que sacerdócio envolve santidade. Se ao refletir sobre minha vocação percebo que não posso superar algumas travas da alma, então simplesmente sigo outro caminho.
Foi o que fiz. Sonhei em ser um lider espiritual, mas sentia que não conseguiria alcançar a separação necessária do mundo e então escolhi um caminho tão nobre quanto o anterior. Sou professor e também tenho minhas responsabilidades . Levar o conhecimento é eternizar no espírito do ser humano o que há de melhor em nosso mundo.
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