terça-feira, 4 de maio de 2010

RECONHEÇA SEU RITMO E VIVA MELHOR!!!


O despertador toca às 9h e a fisioterapeuta Daniela Villa, 32 anos, passa os próximos vinte minutos brigando com o botão de soneca. “Só mais cinco minutinhos” é o lema antes de levantar da cama, reclamando, olhos semi abertos. Ao contrário dela, o marido levantou às 7h, antes do despertador tocar, escovou os dentes, tomou banho, se trocou, preparou o café da manhã, ligou o som e já está a caminho do trabalho. Ele marca todas as reuniões pela manhã, enquanto ela deixa tudo para depois do almoço ou fim do dia. Às 18h, ela ainda está envolvida no trabalho e pensa em sair com os amigos e ele conta os minutos para chegar em casa e se jogar no sofá.
A diferença no ritmo do casal pode ser explicada pelo funcionamento do relógio biológico de cada um que é influenciado por fatores como meio-ambiente, claridade, estilo de vida, personalidade e genética. “O sistema é sincronizado principalmente pelo claro/escuro ambiental gerado pelo movimento da terra em torno de sí mesma e em torno do sol, mas alguns pesquisadores também defendem a idéia de que a alimentação, a luz artificial e o contexto social também fornecem pistas temporais para o relógio”, afirma Mario Pedrazolli, cronobiologista da Universidade de São Paulo (USP).
A idade também tem um papel importante. Segundo Pedrazolli, ao longo do desenvolvimento humano estas tendências se modificam: crianças tendem a ser matutinas, adolescentes vespertinos, adultos jovens menos vespertinos que adolescentes e idosos matutinos extremos.
A combinação de todas essas variantes possibilita aos pesquisadores classificar a população em três diferentes cronotipos: matutinos, aqueles que, basicamente, preferem acordar e dormir cedo; vespertinos, preferem ir para cama e acordar tarde; e os indiferentes/intermediários, que não têm problemas para se adaptar a qualquer um dos períodos (dia/noite). A avaliação é realizada por meio de
um questionário criado em 1976 pelos pesquisadores suecos J. A. Horne e O. Otsberg. Dentro de cada classe podem existir indivíduos extremos ou moderados. O questionário tem perguntas como “considerando apenas o seu bem-estar pessoal e com liberdade total para planejar seu dia, qual horário você se levantaria?” ou “Até que ponto você precisa do despertador para acordar?” Pesquisadores do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos, da USP, têm aplicado o formulário a fim de qualificar a população brasileira. Mais de 16 mil pessoas já responderam e, até agora, os números são semelhantes ao da população mundial: 9% são vespertinos, 6% matutinas e a grande maioria são intermediários entre os dois extremos.
Mas é possível notar uma pequena diferença entre as regiões Nordeste e Sul do País, por exemplo. Os nordestinos são mais matutinos e os gaúchos mais vespertinos. “O que comprova que o funcionamento do relógio biológico está muito relacionado a incidência solar e, nesse caso, à proximidade com o Equador”, relata John Fontenelle, fisiologista responsável pelo laboratório de neurobiologia e ritmicidade biológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No Nordeste o sol brilha mais e não existe variação da duração do dia (12 horas para o dia e 12 para a noite). Já no Sul, longe do Equador, o sol brilha menos e a duração do dia varia: 9 horas no período do verão e 14 horas no inverno.
Matutinos são privilegiados na sociedadeEm termos médicos, os matutinos também são conhecidos como cotovias genéticas porque têm uma versão mais longa do gene PR3, diretamente relacionado aos cronotipos, assim como as aves. Para John Fontenelle, na sociedade moderna o matutino é um privilegiado. “Basta prestar atenção no horário de trabalho, de funcionamento de banco... e até nos ditados populares nós dizemos: ‘Deus ajuda quem cedo madruga.’” Os maiores prejuízos de quem gosta de acordar cedo estão relacionados à vida social. Em geral, teatros, cinemas, reunião com os amigos e diversas opções culturais estão concentradas em horários mais noturnos.
Vespertinos sofrem com insuficiência de sono Também são conhecidos como corujas genéticas e têm uma versão truncada do gene PR3. Como não há como fugir do horário do trabalho, que começa logo cedo, os vespertinos sofrem para acordar e também para serem produtivos em horários em que o corpo deles ainda não está preparado. O resultado é falta de atenção e consumo de cafeína exagerado.
Mulheres com esse cronotipo estão mais propensas a terem pesadelos, o que também prejudica a qualidade do descanso. Em geral, elas costumam compensar o sono perdido aos finais de semana ou, quando podem, tiram cochilos durante o dia. “Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se pudesse tirar uma soneca depois do almoço”, diz Daniela. Já foi comprovado por pesquisadores norte-americanos que a “sesta” melhora as habilidades mentais e o desempenho no trabalho.
Intermediários: o ponto de equilíbrioExiste uma prevalência de pessoas com esse tipo de relógio biológico na população mundial e na brasileira. São, em geral, o ponto ideal, conseguem regular seu horário biológico com as atividades cotidianas e com suas horas de sono. Só precisam ficar atentos em suas horas de sono, para não dormir de menos ou de mais.
Quer saber se você é matutino ou vespertino? Faça o teste abaixo:Exercício do palitinho
Você vai precisar de:- uma caixa de palitos de fósforo- um relógio ou um cronômetroExercício:Abra a caixa de fósforos e, com a mão que tiver mais habilidade, vire-a, esparramando todos os fósforos em uma superfície. Cronometre o tempo que você levará para colocar todos os palitos de volta à caixa (eles devem estar com a cabeça para o mesmo lado) usando apenas o polegar e o indicador. Assim que colocar o último palito, pare de contar o tempo, anote seu resultado junto com o horário em que o exercício foi realizado. Repita a brincadeira a cada três ou quatro horas durante cinco dias. Com os resultados será possível perceber qual horário você tem um melhor rendimento.
Fonte - IG

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