sexta-feira, 16 de maio de 2008

CONHECENDO AS TRIBOS URBANAS


Entenda um pouco sobre alguns movimentos que compõem os cenários urbanos: os Mods, os Rockers, os Punks e os Emos

A diversidade cultural é presente em todas (eu disse TODAS) as cidades, de todos os estados e países. Em cidades grandes, obviamente há um maior numero de pessoas vindas de diversas partes do globo, contribuindo com dois fenômenos: aculturação e maior busca de informação. A matemática é simples: quanto mais pessoas, mais informação; quanto mais informação, mais cultura, levando a uma troca maior de elementos representativos. Todos estes fatores acabam criando uma gama de opções culturais dentro de uma única sociedade.

Quando algum cidadão holandês, por exemplo, chega numa cidade qualquer do Brasil, acontece o que chamamos de aculturação, ou seja, em pouco tempo, nosso amigo holandês acaba adquirindo costumes brasileiros, sem perder seus costumes originais. De alguma forma, sua cultura também reflete no povo local, como um prato típico que passa a ser servido numa janta para amigos, numa gíria engraçada que acaba virando mania dentro de um grupo. Essa troca de elementos culturais acaba desenvolvendo uma cultura mutante, que por muitas vezes, temporária. Porém outras culturas persistem devido ao grande nível de aceitabilidade e identificação pessoal. Todo esse processo pode explicar como surgem movimentos culturais como o Punk, os Emos, os Mod’s, os Rockers, dentre outros. Estas tribos legitimamente urbanas ligam-se essencialmente a música, a roupas que podem até chocar aos olhos mais ortodoxos, costumes controversos e ligados à contracultura e no caso do movimento Punk, carregam consigo uma forte ideologia política.
Mais que uma simples turminha de jovens, essas
tribos ditam regras de comportamento, criam tendências e são responsáveis por promoverem revoluções sociais. Afinal, quem são elas?


1- Rockers: Baby, look my babylook.

Jaqueta de couro, topetes, cigarros mentolados e “rabo de peixe”. Sim, estamos falando dos Rockers, tribo que surgiu no início da década de 50 no sul dos Estados Unidos por jovens de classe baixa que se identificavam com a cultura negra americana. Obteve seu auge em meado da década de 50 e esquecida por um bom tempo, reaparecendo apenas nos anos 80. Aliados ao rockabilly (que não é nada mais que uma mutação entre o blues da cultura negra com o country dos brancos) enérgico de Carl Parkins, Chuck Berry, Elvis Presley e Bill Haley, somado a potencia de carrões
como Cadillacs e motos Indians, os rockes tinham tudo o que um pai não queria num marido para sua filha. A imagem rebelde e fora da lei do rock’n’roll é graças a esses caras cheios de marra, com topetes e movidos a adrenalina. Lembram de James Dean em “Juventude Transviada”?
A cena rocker perdeu muita força
como início dos anos 60, com exceção do Reino Unido onde os odiados rockeiros americanos eram idolatrados como semi-deuses, Elvis que o diga. No inicio dos anos 80, houve um resgate desta cultura por um grupo chamado Stray Cats, reacendendo a chama (e “flames” desenhados nos carros) nos norte-americanos e no resto do mundo.
Atualmente, existem um número considerável de rockers tendo sua “Meca” na cidade de Memphis, Tennessee, cidade do eterno “rei do rock” Elvis Aaron Presley (Roberto Carlos?). No Brasil, a maior concentração de rockers é na cidade de Curitiba, onde acontece anualmente o Psycho Carnival, um festival de rockabilly que reúne grandes nomes
como Ovos Presley, Os Baratas Tontas, Chernobillies, Bettie and the Belairs.


2 –Mods: Naftalina pura

Os Mods (abreviação de Modernismo) é o movimento de contra-ponto dos rockers, seus eternos rivais. Surgido no final da década de 50, na Inglaterra, alcançaram o auge na década de 60.
Filhos de alfaiates de classe média, vestindo ternos justo e bem cortado, os mods eram bastante ligados à moda, estilos musicais
como Jazz moderno e Rhythm and Blues, anfetaminas (os famosos Speeds) e a uma pequena moto de fabricação italiana, as famosas Lambretas. Com o passar do tempo, o movimento abrangeu demais camadas da sociedade inglesa compondo estilo de vida para muitos jovens londrinos.
Tecnicamente mais curiosos (para não dizer cultos) que os rockers, os mods estavam sempre ligados nas novas tendências da moda e da música, aderindo o Soul e o Ska jamaicano aos gostos musicais e criando um estilo próprio de ska, o bluebeat. Bandas “dinossáuricas”
como The Who (deuses dos mods), Small Faces, The Kinks integram o cast de bandas mods que atingiram reconhecimento mundial. Seu símbolo era o mesmo usado por aviões da Força Aérea Britânica na Segunda Guerra Mundial, alusão a uma camiseta com um alvo que Keith Moon, baterista do The Who, usou durante um show. Aliás, o The who foi responsável também por compor o maior hit mod de todos os tempos e eleito o hino do movimento: My Generation. Como os anos 60 foram anos efervescentes culturalmente, terra fértil para o experimentalismo de muitos grupos, os mods foram enfraquecendo com o surgimento dos Hippies e do rock psicodélico. Ressurgiu como uma febre no fim dos anos 70 com o filme “Quadrophenia” e com bandas como The Jam.
Em pleno ano 2000, o movimento está muito bem representado por bandas
como Ocean Colour Scene, The Redwalls, etc. No Brasil, os mods ganham espaço de destaques em cidades como Curitiba e Porto Alegre, berço dos Efervescentes, grupo composto por jovens que reproduzem uma sonoridade parecida com a produzida na Londres de 1965.


3 – Punks: Anarquistas graças a Deus

Sejamos francos um com os outros: Por mais que não goste do estilo, se hoje ainda existe rock’n’roll de verdade é por culpa de quatro rapazes toscos, de cabelos mais toscos ainda, vestidos de jaquetas de couro e calças jeans rasgadas. Em 1974, o rock’n’roll estava a beira da perfeição técnica, da genialidade absoluta e chatice. Músicas com todos os instrumentos de todos os cantos do mundo que duravam até trinta minutos, solos de baterias de mais de dez minutos (meu Deus, sem comentários), experimentalismo crônico e progressivo. Tudo conspirava a favor do sucesso destes quatro rapazes, saídos do bairros do Queens, Nova York e que mudariam a história do rock, da sociedade e inventariam o
Punk para os prazeres do mundo. Os Ramones começam a gritaria, tocando poucos e rápidos acordes enlouquecendo novamente uma porção de jovens afundados no ostracismo do então “rock psicodélico”.
Uma das características do
punk-rock é o caráter de suas letras, que em suma, reprova certos costumes burgueses, contesta a legitimidade do Estado sob os problemas sociais e critica a forma de organização governamental congregado com velha filosofia “Faça você mesmo”. É nesse ponto que os punks adquirem ideais anarquistas. O problema é que muitas vezes, os punks são associados à desordem, vandalismo, conflitos com policias, entre outras desgraças.
O movimento que permanece atuante desde seus primórdios ainda é visto com preconceito pela sociedade conservadora graças as seguidas notícias de envolvimento entre
punks e a criminalidade. Além do mais, seu estilo de moda é bastante fora dos padrões morais. Cabelos moicanos de cores fortes, calças rasgadas, coturno militar, adereços com tachas e espinho cria certa descredibilidade.
Hoje se encontram muitos
punks em qualquer lugar do Brasil, porém com ideais distorcidos e na maioria dos casos, contrários ao velho espírito punk. É muito fácil derramar lixeiras pelas ruas e reclamar que a cidade está suja, assim como é coerente falar de exploração neo-liberal e capitalista e beber Coca-cola todos os dias na hora do almoço. Por mais que o tempo passe, os ideais mudem, o rock morra ou o mundo exploda, coerentes ou não, os punks sempre serão lembrados como os “eternos inimigos do sistema”.


4 – Emos: Punk sensível?

Lembram da parte sobre surgimento de uma cultura mutante e de
como umas sobrevivem devido a aceitabilidade? O movimento Emo é o exemplo claro disso. Os ingredientes são: Roupas pretas e maquiagem nos olhos (elementos da cultura gótica), franjas grandes e All Star personalizados (elemento da cultura Indie), Hardcore e acessórios pontiagudos (elemento da cultura punk). Junte tudo e acrescente doses cavalares de problemas de relacionamento familiar, amores mal resolvidos, inquietações pessoais, falta de maturidade para encarar as dificuldades da vida. Senhoras e senhores, eis o que chamam de movimento Emo.
Há muitas controvérsias quando o assunto é
emo. Mas o que é emo? Estilo de música, roupa ou comportamento? Esse tipo de rótulo atualmente é muito comum entre os jovens. Não se sabe ao certo como e quando surgiu, mas existem várias versões sobre sua origem. Há quem diga que é um gênero de música derivado do Hardcore. Esse termo foi dado as bandas do cenário punk de Washington D.C. que compunham melodias mais emotivas que o habitual. No entanto, a versão mais aceita é de que o nome foi criado por publicações alternativas para descrever a nova geração de bandas de “hardcore emocional” que aparecia em meados dos anos 80.
No Brasil, tal gênero surgiu por volta de 2003, com forte influência norte-americana. Bandas
como Nxzero, Cpm 22, Fresno fazem a cabeça da gurizada, que ao se identificar com os problemas pessoais retratados nas músicas, as utiliza como subterfúgio para seus próprios problemas. Considerada uma moda de adolescentes não somente caracterizada pela música, mas também por suas vestes que consistem em trajes listrados ou pretos, cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos, além do lápis preto. É comum encontrarmos pessoas de estilo emo pelas ruas, shoppings, etc. Basta analisar a aparência e vestimenta dos mesmos para identificá-los.
Conhecidos também pelo grande preconceito que sofrem, já que a maioria é taxada de homossexual, por andarem em grupos e denominarem a si próprios
como super-sentimentais e chorarem escutando uma determinada música.
Tal gênero não passa de uma tendência, que assim
como as outras, tem sua época, seu costume e regra. E como toda tendência, uma hora se dissolve.

Vamos lembrar também dos góticos com seu gosto pela morbidez, em visitas a cemitérios. Seu estilo de roupa é o preto e geralmente ua aparência é pálida.

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