sábado, 28 de junho de 2008

AMAZÔNIA - O DESMATAMENTO CONTINUA.


Desmatamento

Apesar dos alertas,a destruição continua
Após anos em queda, números voltam a subir
O desmatamento na Amazônia, que chegou a diminuir nos últimos anos, voltou a crescer. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 25.500 quilômetros quadrados da maior floresta tropical do mundo sumiram desde 2002, 40% mais que em 2001. Isso equivale a uma área maior que o Estado de Sergipe. É o maior número desde 1995 e o segundo maior desde que o instituto começou a medir o desmatamento, em 1988. O temor é que o quadro piore ainda mais em 2004. Toda vez que o índice de desmatamento cresce, o governo e as ONGs procuram um bode expiatório. A lista de culpados inclui grileiros, madeireiros e pecuaristas. Atualmente, começa a preocupar a expansão da soja, que já mudou a paisagem do cerrado mato-grossense e agora ameaça a Amazônia. Ao lado desses poderosos, pequenos agricultores e assentados também aumentam o problema queimando a roça, muitas vezes sem controle. Junta-se a isso a falta de estrutura para fiscalização. Não existe uma solução única para evitar o fim da floresta. Ao contrário, é preciso se antecipar a alguns problemas e incentivar iniciativas menos destrutivas, como o manejo de floresta para retirar madeira ou a exploração sustentável de produtos por ribeirinhos e índios. Enquanto isso, o governo tenta apagar a fogueira do momento. Em julho de 2003 foram anunciados 20 milhões de reais para fiscalização e ficou acertado que qualquer decisão na região precisará do aval de ambientalistas do governo.
Os desmatamentos acontecem principalmente nos Estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará - servidos por estradas que ligam aos mercados do sul do país. Juntos, eles são responsáveis por 80% das árvores derrubadas na região. E nem toda a pressão que os ecologistas têm feito nos últimos anos serviu para impedir o avanço de motosserras e queimadas. Se o ritmo da devastação não diminuir rapidamente, em apenas 30 anos o estrago feito na floresta vai dobrar. Uma das causas desse aumento na velocidade da devastação está no uso de tecnologia de ponta para cortar as árvores. Motosserras potentes, imensos tratores e caminhões arrasam com hectares de florestas em poucos dias. Mas a causa principal, segundo os ecologistas, está na falta de uma política de desenvolvimento sustentável da Amazônia por parte do governo. É verdade que vários parques nacionais e reservas indígenas foram criados na última década, mas isso não evita a destruição nas áreas que não foram legalmente protegidas. O Brasil continua a cometer o erro grosseiro de desmatar para extrair madeira ou formar pastagens, eliminando a riqueza de uma das maiores biodiversidades de bichos e plantas que o planeta já reuniu num só lugar.
BIODIVERSIDADE AMEAÇADA - O desmatamento da floresta traz consigo uma série de efeitos perversos: extinção de espécies de bichos e plantas, destruição de áreas indígenas, empobrecimento do solo e aumento da emissão de gás carbono na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. É uma tragédia de muitas faces. Para acabar com ela, a primeira coisa a fazer é reformular a idéia de que a Amazônia é um manancial inesgotável e sem dono, criada na década de 70 para estimular o povoamento da região. Depois de décadas de projetos equivocados formulados por tecnocratas, os brasileiros precisam admitir que muita coisa errada foi feita. E, principalmente, precisam evitar que os mesmos erros sejam cometidos de novo. O Brasil, hoje, é o maior destruidor de florestas do mundo, em números absolutos. "Infelizmente persiste a visão equivocada de que é preciso criar grandes eixos de desenvolvimento para a região, sem levar em conta os severos impactos ambientais", afirma Aziz Ab'Sáber, geógrafo da Universidade de São Paulo (USP) e um dos maiores especialistas na questão.

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