Das 24 novas drogas detectadas, 22 eram sintéticas
A European Monitoring Centre for Drug Addiction (Emcdda), responsável pelo levantamento feito em parceria com a Polícia Federal da União Europeia, classifica como “recorde” as identificações em apenas um ano. Foi mais do que o dobro das reportadas em 2008 (13 naquele ano).
O dossiê deixou autoridades do mundo todo em alerta por causa de dois motivos principais, avalia o fundador do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone Walter Maierovitchi – entidade que também recebeu o documento.
O primeiro é que 22 das 24 novas drogas são sintéticas, ou seja, feitas em laboratório e com potencial tóxico ainda maior. O segundo é que a internet é o terreno fértil para a venda destes produtos ilegais, o que amplia o alcance de usuários em todos os continentes, não só o europeu.
Feitas a base de anfetamina e outras substâncias já identificadas em ecstasy, as novas drogas sintéticas contribuem para agravar o cenário dos problemas cardíacos em pessoas com menos de 30 anos. O consumo das chamadas “pílulas do amor” transforma o coração em bomba-relógio e é o principal responsável pela falência precoce do músculo cardíaco.
Coração “pilhado” e doente
No Brasil, uma em cada quatro vítimas de infarto nesta faixa-etária é usuária de cocaína, ecstasy ou outro psicoativo, dado que foi apresentado nesta quinta-feira, 29, aos principais médicos do País, durante o Congresso da Sociedade Paulista de Cardiologia (Socesp).
Rui Ramos, médico da Socesp e debatedor do tema, afirmou que o contexto do usuário deste tipo de droga é agravado por outros hábitos. No geral eles fumam cigarro e consomem bebidas alcoólicas, o que fragiliza ainda mais o coração. Outro agravante é: “ficar pilhado” também sobrecarrega o coração. O risco de problema é aumentado em 50%.
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especializado em drogas, disse em entrevista recente ao iG que o Brasil é um dos poucos países que ainda registra aumento de consumo de cocaína junto com ecastasy – na Europa há declínio só do uso de coca – e isso é o preço pago “por não ter um sistema de saúde estruturado para o atendimento do dependente”.
“É uma soma de fatores”, acrescenta Marcelo Sampaio, cardiologista do Instituto Dante Pazzanese e autor de uma pesquisa sobre infartos em jovens. “Dos infartados a maioria é fumante (92%). Os mais novos estão mais estressados, mais obesos, comendo pior. Tudo isso favorece a ocorrência de problemas cardiovasculares”, resume.
Felipe usava crack e teve overdose por causa de ecstasy
Overdose na rave
Felipe, 22 anos, já colocou em risco sua vida por causa das drogas sintéticas. O “pescoço” foi a prêmio depois que foi preso, perdeu todas “as balas” que vendia na porta da faculdade e entrou em dívida com o dono da boca que oferecia o emprego de vendedor. Já o coração entrou em colapso quando, em uma só noite, o jovem consumiu oito comprimidos de ecstasy numa rave. A overdose, a segunda da sua vida, foi o gatilho para buscar ajuda médica.
Apesar dos comprimidos, o crack é apontado pelo jovem como a droga que mais o devastou. “Uma mistura letal", reconhece ele. "Um alerta também para os jovens que pensam que bala não vicia. Eu traficava para usar", afirmou.
O mesmo ecstasy que fez Felipe ver a morte de perto para procurar uma nova vida, poderia ter sido o último capítulo caso a personagem real fosse uma mulher. Para o sexo feminino, o infarto é duas vezes mais fulminante, ainda mais se incentivado pelo uso de drogas.
Fonte IG
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