A alguns dias atrás li um texto muito interessante sobre uma
tribo africana e a maneira como tratam a questão do erro, do mal. O texto dizia
mais ou menos assim “ Quando alguém dentro da tribo comete um erro, uma
maldade, não é punido. Antes é levado para o centro da tribo, onde todos se
reúnem a sua volta. Ali, começam a recitar todos os atos bons que a pessoa fez
em sua vida, procurando dar valor as atitudes boas, minimizando o sentimento de
culpa pelo erro cometido”
Pode parecer ingenuidade, ou até ser simplista em relação a personalidade
humana, mas há várias percepções sobre o que realmente é o ser humano.
Na visão ocidental o mal é muito bem definido. Sua relação
em oposição ao bem é deixada bastante clara. O mal é mal e pronto.
No filme “ Kiriku e a feiticeira, temos uma proposta de
visão diferente, mais abrangente. No filme o menino Kiriku é muito pequeno, mas
tem uma visão grandiosa sobre os problemas humanos. Percebe que sua tribo tem
problemas, causados pelo medo de uma poderosa feiticeira. Mas percebe também
que a feiticeira é mau por algum motivo. Ela não nasceu mau, se tornou mau.
Chico Xavier tem uma frase grandiosa “ O ódio é o amor que
adoeceu!!!
Colocando o ódio como um dos sintomas do mal, podemos
ampliar a visão do conceito acreditando que o mal é um amor que está gravemente
enfermo.
Na visão ocidental, precisamos destruir o mal, extirpá-lo do
mundo, mas não seria o caso de tratar o amor , de curar feridas, de procurar a
causa dos erros para transmutar o mal?
Penso que precisamos repensar conceitos, ampliar nossa
percepção do ser humano e de seus desafios, buscar o autoconhecimento,
desenvolver a competência da compreensão do outro, dos problemas e situações
que tornam uma pessoa quem ela é
A psicanálise e outras teorias psicológicas insistem no fato
de que o ser humano é um ser doente, controlado por seu id, por forças
primitivas que o tornam um ser neurótico.
Mas há também outras visões. Pensadores como Carl Rogers
acreditam que acima de tudo o ser humano é positivo, tende para o bem. Precisamos
aprender a ter outros olhares.
Não sejamos ingênuos, sabemos que existem psicopatas,
pessoas realmente perigosas, mas são produtos de doenças mentais degenerativas
do cérebro, ou até mesmo desvios de personalidade. Mas são poucos.
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