Nasci numa família muito pobre como outros brasileiros também. Além disso, meu pai faleceu quando eu tinha apenas dois anos de idade, deixando uma viuvá com sete filhos para criar: Dois homens e cinco mulheres . A maioria de nós ainda crianças.
Com certeza a perda do pai desestruturou toda a família. Minha mãe perdeu o sentido da vida, tendo inclusive uma crise nervosa que a obrigou a fazer uso de remédios, Os irmãos mais velhos, sem estrutura , optaram por casar-se e tentar a sorte com uma família de verdade.
E assim vivemos. Poderia eu ter me inserido no mundo das drogas e no mundo do crime?. Poderiam meus irmãos também. Mas o tempo em que vivemos ainda era uma época de valores. Apesar dos perigos, das propostas nenhum de nós se perdeu!!!
Pobreza não é sinônimo de violência nem de criminalidade. O que faltam são valores, o que falta são políticas públicas que resgatem a família possível, os modelos positivos, a solidariedade do rico com o pobre.
Em 2001, foi lançado um livro de história com uma proposta de trabalhar a disciplina de forma a valorizar a vida pessoal, o dia a dia dos indivíduos. É uma tendência atual .
Um texto me chamou a atenção naquela época " A gangue da chupeta", retirado da Folha de S. Paulo. Falava sobre crimes ocorridos em Marília , interior do Estado, praticados por crianças entre quatro e onze anos. É claro, que a polícia supôs na época que havia adultos as orientando . O que chamou a atenção dos policiais no entanto é que um dos meninos usava chupeta!!!!
Muito se tem falado sobre maioridade penal aos dezesseis, quatorze, até doze anos.
Usam como exemplos países como Estados Unidos, Inglaterra, e outros do chamado Mundo desenvolvido .
Bem cada um tem o direito de expressar suas opiniões e lutar por elas. Mas precisamos sempre abalizar aquilo que cremos, pois caso contrário nos tornaremos muito contraditórios, embora o ser humano seja de fato contraditório.
Vivemos uma cultura diferente dos países desenvolvidos, ainda estamos num tenro processo de conscientização dos direitos políticos e sociais. Somos ainda muito conservadores, conhecemos muito pouco a alma humana, pois a maioria de nós ainda usa apenas a religião judaico-cristã para compreender o individuo, e apesar de ela ser importante , não abarca todas possibilidades do espírito humano. Precisamos buscar o autoconhecimento, termos noções de psicologia, filosofia, sociologia , antropologia, precisamos ter uma VISÃO HOLÍSTICA, do todo e não apenas das partes.
Assim poderemos decidir se realmente devemos ou não diminuir a idade de responsabilidade criminal.
Caso contrário estaremos como efeito colateral, criando exércitos de chupetas!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário